sexta-feira, 26 de março de 2010

Escolha e Decida

Ou escolhemos o que queremos, ou não queremos o que escolhemos (Djalma Andrade).



Dentro do que pretendo escrever, tenho como ponto de partida a imperiosa afirmação do filósofo Jean Paul Sartre: “o ser humano está condenado a ser livre”.
Possuidor de um brilhante intelecto, que lhe permitia transitar com certa facilidade nas questões humanas, Sartre entendeu que somos livres para agir, escolher e decidir o que queremos para nossa vida. Assim, no pensar do filósofo, ninguém pode se responsabilizar pelos erros ou acertos de uma pessoa senão ela mesma.


Para muitos, lidar com tal realidade é no mínimo angustiante. E então, buscando fugir de tudo isso, permite que segundos estejam sempre escolhendo e decidindo por si; para que assim, caso venha fracassar em seus anseios, tenha a quem responsabilizar. Quando a ninguém encontra, cria um personagem e nele se justifica: não deu certo porque Deus assim não o quis. Como somos frágeis! Para Sartre, fugas tais como estas constituem o princípio da má fé.

Posto isso, direciono o teor deste texto a um público que considero estar transitando numa fase delicada da vida, a saber, a juventude. A delicadeza de tal fase se constitui no fato de que o jovem de hoje será o adulto de amanhã. Saber que as realizações vindouras, bem como profissionais, passam pelo crivo das escolhas do hoje, é um tanto preocupante e, em casos outros, conflitante.

Devido à pouca idade, o jovem não está preparado psicologicamente para lidar com questões complexas tais como estas. Assim, a presença da família na vida dele é de caráter indispensável. O auxilio de alguém experiente torna o jovem seguro na hora de escolher essa ou aquela “profissão”. Todavia, à família cabe todo um cuidado especial, visto auxiliar não ser o mesmo que influenciar ou decidir.

É comum, munindo-se de argumentos tais como: quero o melhor para meu filho, os pais exercerem influencias que determinam as escolhas do mesmo. Para tanto, resta-nos perguntar: em que consiste esse melhor? Ninguém, até mesmo a mãe, não sabe o que é melhor para o futuro de seu filho, senão ele mesmo.

O que acontece é o seguinte: quando uma mãe, por exemplo, decide sobre a vida de seu filho, afirmando querer o melhor para o futuro dele, na verdade, inconscientemente, ela não fala do melhor para ele, mas do melhor para si e, por conseguinte, para seu ego.

Esse melhor consiste em dizer para a sociedade o meu filho (a) escolheu essa profissão e não aquela. Por favor, não sejamos insensatos (pra não dizer hipócritas), a ponto de não querermos perceber o quão é prazeroso para os pais “escancarar” para uma sociedade altamente seleta que seu filho (a) cursa medicina ou curso outro refinado pela hipocrisia social.

Os pais que de verdade são ávidos do melhor para o amanhã dos filhos (as), são aqueles que buscam auxilia-los, mas se esquivando de qualquer ordem de influência nas decisões deles.

Que as escolhas deles sejam de conformidade com as inclinações que lhes são peculiares (vocação). Fazer o que gosta é o ponto de partida no qual o nos realizamos como pessoas, apaixonando-nos pela vida; e isso é o melhor. É o melhor porque as pessoas que assim não vivem se tornam “amargas”... agridem a si e ao outro.

Para quem insiste em escolher e decidir pelo futuro de seus filhos (as) ou de segundos, volto a Sartre e deixo o que segue: na liberdade que lhe é inerente, ninguém busca a quem queira decidir por si, antes busca a quem possa responsabilizar pelos eventuais fracassos do amanhã... busca alguém que futuramente possa compartilhar de possíveis frustrações.







Djalma Andrade,do Setor Multidisciplinar

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